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1) Primeiro de tudo, quem é Ghreg e por quê ele está Na Terra (On Earth)?
Ghreg - Boas perguntas... provavelmente têm a ver com o alinhamento das estrelas, sequências de DNA e qualquer outra questão aleatória importante no fator humano.
2) Quando você começou a produzir música eletrônica? Por quê? E porquê o dark trance?
Ghreg - Lá pelo ano de 1994 eu comprei meu primeiro equipamento, era um velho ‘Ensoniq workstation’. Ele podia gravar samples e sequenciar. Eu sampleava minha voz várias vezes e usava os efeitos do equipamento, resampleando várias e várias vezes até o meio da madrugada. Não houve nenhum computador no meu setup por um bom tempo, apenas alguns sintetizadores interligados via Midi e esse tipo de coisas. Bem arcaico se comparado a hoje em dia. Ao longo dos anos eu produzi dub, industrial e um pouco de drum’n’bass. Eu não levei produção a sério até meados de 1999, que foi quando eu adquiri um computador. E é a partir daí que eu comecei a produzir trance.
3) O que você acha da cena dark trance? Tem mais a crescer ou está estagnada?
Ghreg - Não tenho certeza. Eu não presto muita atenção a esta ou aquela cena, apenas faço meu som. Acho que os rótulos estão se tornando menos relevantes à medida que a música evolui para algo além da velha e entediante dualidade: escuridão x luz ou full on x blah ou blah x Godzilla. O equilíbrio dos fatores é o que deixa as coisas realmente interessantes. Este tipo de som mais pesado é o que eu gosto de verdade, mas a única maneira de mantê-lo sempre interessante é não caindo na armadilha de ficar preso em alguma fórmula. Dark trance é uma formula atualmente... assim como o Full On ou Progressive. Estas são todas receitas prontas. Nomear algo é prendê-lo dentro de uma caixa...
4) Quais são as suas influências? Eu percebo um toque ‘industrial’ nas suas músicas...
Ghreg - Você está certo. Eu estive em algumas bandas de industrial nos anos 90 e toquei música industrial como DJ por vários anos, então é natural que isto influência nas minhas composições. Eu continuo gostando de Skinny Puppy, Clock DVA & Young Gods, etc. Uma parte desta influência já surge inconscientemente, mas também faço isso com intenção, porquê estes artistas realmente sabem como produzir música eletrônica agressiva. Foi um marco na e-music e alguns permanecem completamente inovadores ainda hoje.
Além da influência de industrial, há ainda a influência de muita coisa diferente. Breakcore, Metal, Ambient... Tenho escutado muito pedal slide guitar ultimamente. Eu estou muito interessado em alcançar o ponto em que a música eletrônica comece a soar mais orgânica e menos rígida, onde a música para se dançar se funda à música para se escutar. Existe esta dualidade concebida a respeito do que importa mais na composição, mas o mais importante é encontrar uma maneira criativa que permita que um tipo de síntese ocorra, estabelecendo uma relação harmoniosa entre os dois mundos.
5) Quais foram a melhor e a pior festa que você já tocou?
Ghreg - Hmm... Eu provavelmente esqueci a pior festa, estas tendem a não ser memoráveis. Houveram muitas festas excelentes, não há como escolher uma favorita. Love Projector Summer Solstice Festival, em 2002, e Boom Festival 2006 são os nomes que me vêm à cabeça agora.
6) Você produz algum outro gênero de música eletrônica?
Ghreg - Sim. Ambient, Drum and Bass, “IDMish breakish stuff”. E tenho alguns outros projetos a caminho, mas ainda é muito cedo para dizer algo a respeito.
7) Você já esteve no Brasil uma vez, certo? Conte-nos sobre esta experiência.
Ghreg - Eu estive no Brasil por uma semana em 2002 para o festival Ypy Poty, perto de Paraty. Foi muito bom! Natureza linda, pessoas legais, só tive bons momentos aí…

8) Você pretende voltar me breve?
Ghreg - Adoraria visitar o Brasil de novo! Ouviram, promotores de festas?
9) Você acabou de voltar de uma turnê na Europa. Como foi lá?
Ghreg - Sim, eu acabei de voltar de uma pequena turnê pela Europa. Estive na Alemanha, Rússia, Holanda e Áustria... Foi ótimo. Tive a chance de escalar os Alpes austríacos e passar muito tempo em meio à natureza. A festa em Amsterdam foi muito divertida, as pessoas estavam se preparando para o ‘Queens Day’ e o clima de festa estava no ar por toda a cidade. Na Rússia e em Berlim também foi ótimo!
10) Como é a cena dark trance aí nos Estados Unidos? Recentemente pudemos ouvir alguns ótimos produtores daí (Mubali, Amanda, Fractal Cowboys...). Há alguma festa focada exclusivamente neste tipo de música?
Ghreg - Em São Francisco e na área costeira próxima, sim. Acho que posso dizer que isto já vale para a costa oeste no geral. Ocorrem ótimas festas no deserto, festas na floresta, festas na montanha. Existe uma forte comunidade trance underground aqui já há algum tempo, vários promotores de festa: Love Projectors, Red Tribe, CCC, Peace Tour, Mistress of Evil... Temos uma rica história psicodélica. Os artistas de São Francisco tendem a ser ‘mavericks’ à sua própria maneira: têm muita paixão e criatividade testando os limites da música fora dos interesses comerciais ou das fórmulas.
Quanto ao resto dos estados, o processo tem sido um pouco mais lento, mas no momento parece estar se desenvolvendo. Vários festivais e festas estão ocorrendo em lugares em que não houve nada por vários anos. Há também mais artistas destes estados do que jamais houve antes. Estou observando os festivais de verão que tem ocorrido aqui na América do Norte e ouvindo a vários artistas e o que eles têm feito.
11) E sobre as festas 'Looney Tunes' no Japão. Você lançou uma faixa arrasadora na compilação comemorativa de um ano! Conte-nos sobre estas festas.
Ghreg - Primeiro, obrigado pelo elogio! E sim, é uma grande compilação, várias ótimas faixas ali. Dana e Nik fizeram isto juntos e devo dizer, que fizeram muito bem feito! Eles estão por trás do núcleo Brain Busters em Tóquio, a compilação foi um brinde distribuído na festa de aniversário de um ano que aconteceu lá. Festas muito boas! Existe uma paixão muito grande pela música no Japão, estar lá é muito inspirador.
Elder Sign está sendo tocada atualmente durante o som pré-show na última turnê do Skinny Puppy. Confiram se tiverem oportunidade, é uma apresentação lendária.
12) Você conhece algo do dark trance brasileiro (Baphomet Engine, e os projetos mais recentes, Cannibal Barbecue, Bash, Chipset...)? O que acha?
Ghreg - Não conheço muita coisa, mas o que eu já ouvi é de qualidade, e espero ouvir mais.
13) O que podemos esperar do Ghreg On Earth em 2007 e 2008?
Ghreg - Estarei nos EUA e México no verão e retorno à Europa no outono. Novas músicas estão saindo do forno e haverá um novo álbum em algum momento do ano que vem. Têm também o Vou Duex, que sou eu, Mubali, Fractal Sadhus e Freaks of Nature; um super projeto. Veremos algo dele antes do fim do ano, com algumas apresentações inclusas. Tem também uma colaboração com o DataBomb, que fez o trabalho de produção no último álbum do Skinny Puppy, Mythmaker. E, pra finalizar, alguns releases em compilações e outros projetos pela frente. Estou realmente atarefado ultimamente!!
14) Muito obrigado, Ghreg! Deixe uma mensagem para os freaks brasileiros.
Ghreg - Saudações ‘freaks brasileiros’, espero visitá-los em breve para compartilhar um pouco de música, tomar açaí e apreciar a linda paisagem brasileira com o sol ao fundo.
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Entrevista por Bruno Azalim
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Sites Relacionados:
http://www.myspace.com/ghregonearth
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