
1) Seja bem-vindo ao Hazy Stories, Alê! Apresente-se aos leitores do blog!
E aí galera, primeiramente gostaria de dizer que é um prazer participar aqui da “re-inauguração” do blog. Existem poucos canais de informação sobre o lado alternativo da cena psicodélica, e ter espaços como estes é super importante para que boa informação chegue às pessoas. Eu mesmo acompanhava o blog antigamente e absorvi muita coisa boa daqui. Acredito que daqui pra frente muita coisa boa está por vir. Tenho acompanhado um resgate de valores e conceitos, voltados ao underground, mas mesmo assim o que atrapalha em muito é a desinformação das pessoas. Como dizem, o conhecimento liberta, então o que importa é fazer chegar de fato às pessoas tanto informação quanto música de qualidade é muitíssimo importante e não simplesmente ficar de braços cruzados vendo música “pasteurizada” ser enfiada garganta abaixo das pessoas sem possuir o menor conteúdo, sem valores e principalmente sem identidade. Existe um foco criativo de muito valor não só no que diz respeito à música em si e todas essas nuances merecem ser exploradas e conhecidas por todos.
2) Como e quando você se interessou pela e-music? E como entrou profissionalmente neste ramo?
Eu comecei ouvir e-music em 96. Naquela época tomei primeiramente contato com o Hard Techno e o Gabba, vertentes que me identifiquei bastante logo de cara e ouço até hoje, devido, claro, a serem estilos mais agressivos. Sempre me interessei por musicalidades mais extremas. Desde muito moleque, dei muito trabalho pra minha mãe.....rs. Eu nesta época já tocava bateria há uns dois anos e conhecer a possibilidade de criar música, a parte da percussão especificamente por computador me fascinou muito.
Daí por diante a música eletrônica sempre me acompanhou, mas como eu sempre estive envolvido nessa época com meus projetos com banda sempre me foquei nisso. Então o tempo foi passando e cada vez mais foi ficando difícil administrar, por assim dizer, as bandas que eu fazia parte, até que um dia me cansei de tudo aquilo. Mas estar envolvido com música pra mim sempre foi uma necessidade, foi daí então que surgiu a idéia de focar na música eletrônica, pois continuaria envolvido com música, sem depender de mais ninguém. No começo, era um hobbie, comprei meu primeiro par de Cdj´s sem muitas pretenções, mas felizmente aquilo me cativou de um forma muito intensa, aí a dedicação e a vontade imensa de fazer parte de algo maior foi tanta que tudo começou a evoluir naturalmente.
3) Fale-nos sobre seu gosto musical. O que você tem o costume de escutar além do dark trance?
Como comentei, sempre tive um gosto por musicalidades extremas, eu ouço muita coisa barulhenta, rs. Mas hoje em dia posso dizer que fiquei mais eclético ouvindo coisas mais tranqüilas também. Sempre ouvi muito Trash, Death e Black Metal, bandas como Slayer, Kreator, Destruction, Cannibal Corpse, Napalm Death, Deicide, Dark Throne, e também sempre curti Hard Core e Punk principalmente as bandas dos anos 80 e 90, Rancid, Exploited, Pennywise e por ai vai. Gosto muito também de bandas Indie, alternativas dos anos 90, coisas como Ska, Mangue Beat, Dub e outras vertentes de música eletrônica como citei anteriormente também sempre estão no repertório musical que eu ouço.

4) O que o levou ao psychedelic trance noturno? Digo, o que você vê nesta vertente musical que a destaca das demais?
Poxa, a essa altura já se tornou claro o que me levou a escolher o dark trance, rs....
Sempre gostei de coisas mais pesadas, e no caso do Dark, além do peso, têm toda a psicodelia e complexidade musical que este possui. É um som que pra muitos não é de fácil digestão, mas pra mim essa complexibilidade maluca é o que mais me cativa até hoje.
5) Conte-nos um pouco sobre o seu set. O que você busca atingir na pista quando toca? Quais seus projetos preferidos?
Sempre busquei tocar nos meus sets as tracks mais pesadas do case, mas sempre procurando manter a musicalidade pra não deixar a pista morrer. Pelo contrário, busco explorar a energia dessas músicas pra todo mundo dançar do começo ao fim. É algo extremo mas também dançante, que empolga.
Hoje posso dizer que meus projetos preferidos são: Bash, Necropsycho, Ikpeng, Kashyyyk, The Galactic Brain, Zik, Arsenic e uma infinidade de muitos outros pra citar.
6) Você passou a integrar recentemente dois núcleos de peso, a 2to6 e a Mind Tweakers Records. Conte-nos um pouco sobre estas conquistas.
Foi uma honra ter sido convidado a participar do casting destas labels por vários motivos. Primeiramente por ser muito amigo do André (Mind Tweakers) e do Louis (2to6), poder trabalhar com pessoas que você tem extrema afinidade não tem preço. É muito gratificante ter o trabalho reconhecido por pessoas que você conhece o caráter e valoriza isso de uma forma geral, além da indiscutível qualidade do trabalho de ambos, seja como produtores, ou administrando as labels, a qualidade do trabalho de ambos é ímpar. O histórico fala mais do que tudo. Acredito muito no potencial das duas labels e principalmente nas pessoas por trás delas, isso é o mais importante na minha opinião.
7) Temos visto hoje em dia uma segmentação da cena, com algumas festas gerando um novo fôlego através de núcleos que buscam proporcionar ao público uma celebração conceitual com um sentimento de ‘volta às raízes’, em detrimento de outras que preocuparam-se demais com o psytrance em termos de mercado e perderam sua essência. Comente o que acha deste panorama atual, mais tendo em vista que isto é mais perceptível no Brasil aí, na Grande São Paulo.
Realmente Bruno, aqui
Felizmente temos núcleos muito sérios que desenvolvem trabalhos magníficos dentro desse resgate que você citou acima na pergunta aqui
É muito importante ter pessoas sérias trabalhando com esse intuito de trazer o conceito, o verdadeiro espírito de volta, mas o grande problema a meu ver é ainda o comodismo imperar por parte de grande parte do público, muitas pessoas insistem em não se abrir ao novo, não conhecer as raízes das coisas e simplesmente se deixam levar por outras prioridades. Apoiar e se movimentar apoiando os projetos é ainda o que precisa em muito melhorar, porque se não, todo o esforço por parte desses organizadores corre o risco de morrer. Informação e atitude ainda é primordial.

8) O que você visualiza como o futuro das raves e de toda a manifestação cultural envolvida (incluo aqui as músicas e o público, por exemplo) no trance psicodélico?
Eu acredito que esse resgate ainda está só no começo. Acredito que muita coisa boa ainda está pra acontecer. Temos muito artistas, não só na música, mas também na parte de decoração despontando com trabalhos magníficos. Quanto ao público, eu vejo que está crescendo também, cada dia mais e mais pessoas “tomam a pílula vermelha” e querem se informar, conhecer e participar mais efetivamente deste processo. Estão acordando não só no que diz respeito ao trance psicodélico, mas num âmbito muito maior. Acredito que o número de cabeças pensantes está aumentando e isso é muito bom.
9) Sabemos que você é um dos sócios responsáveis pela noite mensal indoor, ‘Rebirth: Dark Ground’. Conte-nos como surgiu a idéia e como está se realizando esta iniciativa de grande valor para os freaks paulistas.
Eu quando comecei a visualizar e conceber a Rebirth meu principal foco era poder instituir uma noite mensal, pra termos uma regularidade no calendário com uma festa de dark ao menos no mês e fazer isso com qualidade.
Anteriormente à Rebirth tivemos alguns projetos de dark indoor excelentes que aconteceram, mas por percalços no caminho não acabaram vingando. Aí eu me deparei com um desafio, e por isso inclusive, o nome “Rebirth”. Seria o renascimento de algo que estava meio adormecido, essa era a principal intenção na época. O nome Rebirth além disso se deu também ao fato de eu estar lendo muito na época sobre pós-humanismo que é uma temática literária muito fascinante que retrata a humanidade numa época pós apocalíptica, onde humanos e máquinas se fundiriam, ou seja, renasceriam em um ambiente meio sombrio e tecnológico. Achei que tinha tudo a ver com o Dark Trance e seria uma ótima temática para ser explorada, também pela parte da decoração da festa.
Daí por diante começamos a tocar o projeto, sempre com line up´s bem legais, com artistas de peso, nacionais, e também de fora. Um bom time já se apresentou nas festas até agora. Tivemos também alguns percalços no caminho, ficamos três meses agora no começo de ano em recesso, mas estamos aí com a corda toda, sempre mantendo o foco e a seriedade no trabalho.
10) O que podemos esperar da Rebirth este ano? Conte-nos algumas novidades.
Posso garantir alguma surpresas já nessa próxima edição que vai rolar dia 17/04 com Zik, Bash e Kernel Panic live, mais o dj set do Marcelo Dih e o meu DJ-set encerrando a noite. Muitas surpresas na décor, a Marcinha (Hybrid Perception) preparou algumas peças novas que vão entrar em exposição agora pela primeira vez e também recebeu o reforço do Rogério (Geometra). Esta dupla com certeza vai dar o que falar nessa décor, posso garantir. Além da nova casa que vamos realizar ser muito boa quanto à estrutura, a melhor que já trabalhamos até hoje. Teremos também um surpresa especial no que se refere às projeções que ficará a cargo do casal Kaos Ira, vai rolar um espaço imenso pra projetar, vai ser bem absurdo!
Mais novidades para as próximas edições com certeza irão rolar, mas não vamos estragar a surpresa, não é mesmo?

12) Muito obrigado pela entrevista Alê! Deixe seu recado para os leitores do Hazy Stories.
Eu que agradeço mais uma vez Bruno, pela oportunidade, e galera, apóiem os projetos underground! Não fiquem só reclamando no Orkut, façam algo!
Um comentário:
boa entrevista!!! alguns pontos importantes da cena atual citados...
parabens bruno e boa sorte com a volta do blog! parabens pra vc nesta data querida e tudo o mais tambem hahahaha... vida longa ao blog, eu particulamente fiquei mais do que feliz com a volta do hazystories! como conversamos a um tempo, informacao informal, para evoluir! isso ae!! parabens ale tambem!!! vida longa a rebirth tambem... a coisa ta caminhando gente, os caminhos obscuros nunca estiverem tao iluminados ehehhehe
abracos!
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